domingo, 27 de dezembro de 2009

RxDxPx - Crucificados pelo Sistema - 25 anos

Em comemoração aos 25 anos da gravação do primeiro disco do Ratos de Porão e o primeiro disco de Punk Rock da América Latina. A Peculio Discos que é a gravadora do baterista Boka lança uma super edição de Crucificados pelo Sistema, album clássico e importantissimo para a música pesada mundial.
Estão lá as 16 pedradas originais e como bonus o disco traz o Sistemados pelo Crucifa que é o Crucificados tocado como os caras tocam hoje, o disquinho ficou muito foda na cor vermelha e com o novo e luxuosinho formatinho digipack, tá certo que o papel não é dos melhores mas visualmente ficou bem legal. Existem novas informações no encarte como por exemplo quem toca o que (eu nem sabia que o Jão tocava bateria nesta época), um texto do Gordo falando do dia da gravação do disco e da canceira que o Jão deu no resto da banda por que havia dormido no busão e ido parar na Vila Mariana.
As músicas são um registro fiel e sincero do que havia de mais podre no hardcore dos anos 1980, de tão podre que é o vocal do gordo podemos dizer que este é o primeiro disco de "hardcore finlandês" feito no Brasil.
Hinos como Morrer, Agressão/Repressão e Crucificados pelo Sistema embalaram a juventude deste humilde escriba. Outra curiosidade é que os caras, que não tinham noção de nada, não microfonaram os tontons da bateria, agora da para entender o por que dos "buracos" de bateria que a gente percebe toda vez que põe a bolachinha para tocar.
Mais que um simples disco Crucificados é o retrato de uma época em que o Punk Rock estava no lugar de onde nunca deveria ter saido: a periferia. Tempo onde o protesto era sincero e justificavel (não que hoje não seja) pois a repressão era sentida na pele por estes garotos, que gravaram um petardo pesado e agressivo ainda sob o tenebroso dominio do governo militar onde qualquer passo fora da linha era pedir para tomar borrachada ou ser torturado.
Hoje as coisas estão muito mais faceis e o punk chegou à burguesia, isso é bom pois "limpou" um pouco da agressividade do estilo, o que ocasionalmente abriu mais espaço para as bandas tocarem mas por outro lado deixou as coisas meio "artificiais" (se é que me entendem).
O disco é toscamente produzido pelo Fábio do Olho Seco de quem o Ratos gravou a ótima "Que Vergonha" (outro hino). Fábio tinha nesta época uma lojinha na Galeria do Rock, que depois fechou mas que agora está de volta lá.
Este disco como muitos outros dentro do Rock'n'Roll é atemporal, o retrato de uma época, onde o punk ainda estava na periferia, onde garotos ainda chegavam atrasados por que dormiram no bumba (e quem nunca dormiu e passou de ponto?). Uma época que cheira à juventude.
Alguns cabelos brancos depois, muitas drogas e a quase morte de João Gordo eles continuam ai, sem os insanos Jabá e Spaguetti mas agora com a máquina de dar porrada que é o Boka e a usina de energia vegana que é o Juninho. Vida longa ao Ratos!

2 comentários:

  1. Essa é uma época da Música que não volta mais. O som sujo e honesto, as capas toscas artesanais. Boa lembrança cara. Bom 2010.

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  2. Cara é foda, música é uma parada muito importante para o homem. Neste caso, nós, como admiradores da cidade de São Paulo, devemos dar atençao especial à este album pois a história do Ratos se mistura com a da nossa amada metrópole. Como nesta história do Jão que foi parar na Vila Mariana. Quando comecei a gostar de rock logo me apaixonei pelo punk rock, justamente pela proposta do faça vc mesmo, pelo protesto, pelo ritmo empolgante e principalmente pela proximidade que as bandas tem do publico. Não há difença entre eles o mesmo moleque que assiste a um show no momento seguinte sobe no palco para tocar com sua banda também. Isso significa muito para mim, parece que assim estamos realmente integrados num só ideal. Eu acho que a proposta do punk é exatamente esta: UNIR TODOS NUM MESMO IDEAL!
    Obrigado pelos seus comentários sempre pertinentes. Grande Abraço mano!

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